Introdução
Meningioma é um tipo de tumor que tem origem nas membranas que envolvem o sistema nervoso central e que se denominam meninges. A maioria dos meningiomas é de natureza benigna e caracterizam-se por terem um crescimento lento; no entanto, alguns podem apresentar características de malignidade. A sintomatologia aparece de forma gradual e varia em função da sua localização e tamanho. O tratamento visa a remoção do tumor e eliminar a compressão que o mesmo faz nas estruturas nervosas.
O que é um meningioma?
As meninges são constituidas por 3 membranas que se encontram logo abaixo do osso e cuja função é proteger o encéfalo e a espinhal medula. São, indo de fora para dentro: duramater, aracnóide e piamater; o meningioma cresce da aracnóide que é a camada média. Os meningiomas tendem a crescer para dentro, comprimindo as estruturas nervosas (encéfalo e espinhal medula); também podem crescer para fora invadindo o osso.
Sintomatologia
São tumores de crescimento lento e podem decorrer anos até darem queixas. Os sintomas variam em função da localização, mas os mais comuns são as cefaleias ou crises convulsivas nos meningiomas intracranianos e alterações sensitivo-motoras nos membros nos de localização raquidiana.
Causas
Na maioria dos meningiomas encontram-se alterações cromossómicas, mas a causa desta anormalidade é desconhecida. Pessoas com neurofibromatose tipo 2 têm uma maior frequência de meningiomas bem como doentes que foram sujeitos a radioterapia craniana.
Quem é afectado?
Os meningiomas representam 20% de todos os tumores primários do encéfalo e 12% dos tumores raquidianos; a maior incidência ocorre entre os 40 e 60 anos de idade; a maior parte dos meningiomas é de natureza benigna (90%) e têm maior incidência no sexo feminino.
Diagnóstico
Na consulta médica, deve ser pesquisada a história pessoal e familiar do doente, um exame físico geral completo bem como o exame neurológico; este investiga o estado mental, memória, função dos nervos cranianos, força muscular, coordenação, reflexos e resposta à dor. Se for encontrada alguma alteração, o médico pedirá exames complementares de diagnóstico, sendo os mais importantes a TAC e a RM que determinarão o tamanho e localização do tumor.
Terapêutica
Há várias alternativas terapêuticas, dependendo da idade, estado geral, localização, tamanho e grau do tumor.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou os meningiomas em 3 graus:
Grau I – são os que têm o crescimento mais lento; se não causarem sintomas, podem ser seguidos com exames de imagem periódicos -Tomografia Computorizada (TAC) ou Ressonância Magnética (RM) e não se colocar indicação para tratamento logo à partida.
Grau II – são chamados atípicos; são mais agressivos em crescimento que os de grau I e têm o maior risco de recorrência; devem ser logo considerados para cirurgia.
Grau III – são os mais agressivos e são designados por anaplásicos ou malignos. Correspondem a menos de 1% dos meningiomas. Devem ser operados e considerar radioterapia complementar.
Observação
Dado o crescimento lento deste tumor, pacientes assintomáticos podem ser observados periodicamente fazendo RM seriadas que mostram o tamanho actual da lesão.
Cirurgia
É o tratamento mais eficaz. O neurocirurgião faz uma craniotomia para abrir o crânio e ressecar o tumor. É enviada uma biópsia de tecido tumoral para Anatomia Patológica para determinar o grau do tumor. Muitas vezes, consegue-se uma remoção total do tumor mas, nalguns casos, dada a localização, a exérese tumoral é incompleta; nestes casos, o tumor residual pode ser tratado por Radioterapia. Os progressos da microneurocirurgia permitem remover a grande maioria destes tumores sem lesar as estruturas nobres adjacentes permitindo a cura sem sequelas.
Radioterapia
Alguns destes tumores são considerados inoperáveis por a sua localização se encontrar junto a áreas cerebrais vitais com um risco de lesão permanente importante. Nos casos de meningiomas malignos, o tumor pode recidivar após a cirurgia. Nestes casos, a terapêutica por radiações é utilizada; a radiação lesa o ADN celular tornando a célula incapaz de se dividir e reproduzir. Existem duas formas de utilizar a radiação: radioterapia estereotáxica fraccionada que liberta a dose de radiação em várias sessões e radiocirurgia que disponibiliza uma alta dose de radiação num tempo único. A decisão por uma ou outra técnica depende da localização do tumor e da necessidade de preservar as estruturas adjacentes dos efeitos das radiações.
Prognóstico
A localização do meningioma é o factor mais importante no estabelecer do prognóstico. Os meningiomas situados na porção superior e lateral da cabeça permitem uma remoção completa e excelentes resultados; os de localização na base do crânio, seio cavernoso e do nervo óptico têm uma maior morbilidade e são mais difíceis de conseguir uma remoção total. Os meningiomas podem apresentar recidivas após cirurgia ou radioterapia; os doentes devem fazer RM ou TAC com periodicidade de acordo com critérios clínicos adequados a cada caso específico.